Meu primeiro Atendimento Psicológico Online.

 

Recentemente escrevi um artigo falando sobre a regulamentação dos serviços psicológicos mediados pelas tecnologias da informação . Mas hoje quero relatar a vocês como minha visão profissional a respeito da Psicoterapia Online foi transformada através do atendimento de um caso clínico. Para preservar o sigilo das informações chamaremos a paciente pelo nome fictício de Vitória. 

Vitória entrou em contato comigo, através do telefone, muito angustiada e emotiva, solicitava ajuda com urgência e disse que não conseguiria buscar por outro profissional pois não conhecia mais ninguém e confiava em mim. Contou que havia se tornado mãe há 45 dias, que o bebê estava bem porém ela não estava conseguindo ficar sozinha. Vitória mostrava-se esgotada, em privação de sono e insegura com relação a todas as mudanças que a maternidade havia trazido para sua vida. 

Logo me disponibilizei a realizar um atendimento psicológico em meu consultório, porém, para a minha surpresa, Vitória disse que estava morando em outra cidade, distante dos locais onde atendo,  e que necessitaria de atendimento psicológico online. Tentei estimular a paciente a buscar atendimento presencial em sua cidade, porém Vitória deixou bem claro que não estava em condições disso e que o puerpério havia imposto uma série de atribuições que a impossibilitava de se ausentar de casa. 

A princípio busquei dar o melhor acolhimento possível nesta conversa por telefone e disse que entraria em contato para lhe dar um retorno. Enquanto profissional fiquei extremamente incomodada com o fato de que talvez não conseguiria ajudar uma paciente em sofrimento psíquico, que vivenciava uma fase extremamente marcante em seu ciclo de vida – a maternidade – e que estava depositando sua confiança em meu trabalho. 

O atendimento psicológico online já era um tema ao qual eu estava acompanhando e estudando, conhecia a regulamentação e procedimentos necessários para a habilitação, porém confesso que enquanto profissional tinha minhas objeções, apegada ao atendimento clínico presencial acreditava que os resultados poderiam ser diferentes, apesar de estudos e pesquisas no exterior terem  comprovado a eficácia do atendimento online.  

O que falou mais alto na minha decisão de começar a atender online foi a possibilidade de ajudar uma mulher em intenso sofrimento psíquico e com vários sintomas de depressão pós parto. 

Realizei o cadastro exigido pela Conselho Federal de Psicologia e para minha surpresa o plano de trabalho foi aprovado em apenas alguns dias, o que já permitiria que eu iniciasse os atendimentos. 

Confesso que os dois primeiros atendimentos foram mais desafiadores para mim, mas com o tempo, paciente e terapeuta foram se adequando a intermediação dos equipamentos eletrônicos e o atendimento fluiu de maneira surpreendente. 

Com relação ao caso da Vitória posso afirmar com toda certeza de que foi construído um  forte vínculo de confiança o que possibilitou que o processo terapêutico trouxesse resultados positivos em pouco tempo de terapia. Foi possível observar uma diminuição dos sintomas depressivos, aumento da auto-estima e sentimento de auto confiança em relação aos cuidados com o bebê, melhora na capacidade de raciocínio, melhora na capacidade de tomar decisões e melhora na qualidade do sono. 

Por fim, avalio que no caso de Vitória, a Psicoterapia Online seria a única possível levando em consideração as necessidades desta paciente em específico. Esta forma de atendimento possibilitou que a paciente realizasse as sessões no conforto de seu lar, perto de seu pequeno filho, sem a necessidade de deslocamento e aproveitando o máximo seu valioso tempo.   

Para mim, enquanto profissional, agradeço a oportunidade de superar as objeções que tinha com relação ao atendimento online, sendo este um caso enriquecedor na minha carreira, abrindo portas para pensar em uma psicologia mais conectada com as transformações atuais. 

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